terça-feira, 29 de outubro de 2013

Faixa a faixa - Aposta arriscada

Arctic Monkeys - AM (Sony Music - 2013)
A cada lançamento anunciado pelo Arctic Monkeys cria-se a expectativa de que venha um novo Whatever People Say I Am, That's What I'm Not (2006), aclamado disco de estreia do grupo britânico. Queridinho da crítica e do público,  o álbum é um reflexo da jovialidade da banda. Por isso soa moderno e roqueiro na medida exata para que eles pudessem ser comparados aos Strokes, ou serem apontados como "a nova salvação do rock".

Nos trabalhos seguintes a banda tentou se reinventar e começou a explorar sonoridades mais densas ao ser produzida por Josh Homme - líder do Queens of The Stone Age - no disco Humbug (2009). Já Suck it and See (2011) não foi tão aclamado, mesmo a banda tentando seguir o mesmo caminho, só que com uma pegada mais pop.

Agora os jovens britânicos lançam AM (Domino / Sony - 2013), um passo arriscado para quem tem um nome respeitado. Para isso, a banda criou uma nova identidade visual inspirada no rockabilly. Apesar disso, a pose malvada não combina muito com a sonoridade do álbum - mas talvez funcione bem para o marketing da banda. Quem ouve as duas primeiras faixas pensa estar ouvindo um grande disco de rock, mas não se engane. "Do I Wanna Know?" e "R U Mine?", duas perguntas e duas das melhores músicas que a banda já fez. É possível perceber nelas que a amizade de Homme faz bem a Alex Turner.

A partir daí o disco começa a virar um tributo ao passado e assume um novo conceito. Os riffs de guitarra permanacem, só que mais amenos, pode-se dizer que estão até mais pasteurizados. Entram em cena batidas dançantes e cadenciadas, criando uma atmosfera pop com toques de R&B.

Canções interessantes como "One For The Road" e "Why'd You Only Call Me When You're High?" são sedutoras e pop na medida certa. Mas ao mesmo tempo as duas parecem ser a mesma. "Arabella" pode passar batida na primeira audição, mas há uma pitadinha de rock que abre espaço para a faixa seguinte, "I Want It All", que poderia ser um dos momentos mais leves do Queens Of The Stone Age.

A aura pop continua em "Snap Out of It", que tem guitarras mais notáveis ao longo da melodia. "Knee Socks" é definida pelo ritmo marcante da introdução. O coro antes do último refrão faz o ouvinte lembrar do pop dos anos 70. Josh Homme - olha ele de novo - aparece fazendo vocais e murmurando algumas palavras no fundo enquanto Alex encerra a música.

"No.1 Party Anthem" e "Mad Sounds" é a dobradinha romântica do disco com direito a coros e orquestra. A balada "I Wanna Be Yours" é um dos melhores momentos deste trabalho. A letra é uma parceria de Turner com John Cooper Clarke, poeta punk inglês e influência direta dos Monkeys. Impossível não viajar com os vocais e o refrão que funciona como um mantra. Beleza pouca é bobagem.

AM pode não ser a obra prima do grupo, mas é um trabalho bem feito, e, apesar do exagerado apelo comercial, as músicas funcionam bem individualmente. Até mais do que no disco em si.

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